A periculosidade é um tema de grande relevância para empregadores e trabalhadores, pois envolve direitos trabalhistas, normas de segurança e impactos financeiros diretos na folha de pagamento.
Mais do que um adicional previsto em lei, o reconhecimento da periculosidade reflete o compromisso com a integridade física e mental de quem assume riscos no desempenho de suas funções.
Neste guia completo, você encontrará definições, base legal, exemplos práticos e orientações para aplicar corretamente o adicional de periculosidade em sua empresa.
A periculosidade consiste na exposição habitual do trabalhador a atividades ou operações perigosas, ou seja, aquelas que envolvem contato permanente com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, roubos ou outras situações que ofereçam risco iminente à vida.
O conceito está previsto no artigo 193 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estabelece os critérios para o pagamento do adicional de 30% sobre o salário-base.
Embora ambos protejam o trabalhador contra condições adversas, há diferenças claras:
Entender essa distinção é fundamental para aplicar corretamente os adicionais previstos em lei e evitar passivos trabalhistas.
O artigo 193 da CLT define as situações em que o trabalhador faz jus ao adicional de periculosidade. São consideradas perigosas as atividades que envolvem:
O percentual de 30% incide sobre o salário-base, conforme prevê a legislação.
A NR-16, do Ministério do Trabalho e Emprego, detalha as atividades e operações perigosas, dividindo-as em anexos que especificam:
Seguir a NR-16 garante conformidade e reduz riscos de autuações.
Para reconhecer periculosidade, o laudo deve identificar se a atividade é:
Essa avaliação define se o adicional é devido de forma ininterrupta.
Algumas áreas costumam envolver condições perigosas:
Cada setor requer análise específica do perfil de risco.
O adicional de periculosidade é fixado em 30% sobre o salário-base do trabalhador, não se aplicando sobre outras parcelas variáveis, como horas extras, adicional noturno ou comissões.
Para calcular corretamente:
Essa metodologia evita questionamentos em fiscalizações.
Apesar do adicional, cabe ao empregador adotar medidas de proteção:
Essas ações demonstram diligência e podem mitigar riscos.
O laudo de periculosidade deve ser emitido por profissional habilitado (engenheiro de segurança ou médico do trabalho) e conter:
Manter esses documentos atualizados é essencial para comprovar direito ao adicional.
Uso correto de equipamentos de segurança
O trabalhador beneficiado pelo adicional de periculosidade deve:
Esse compromisso reforça a proteção individual.
A participação ativa do trabalhador é crucial. Recomenda-se:
O diálogo contínuo fortalece a cultura de segurança.
Laudo pericial do engenheiro de segurança ou médico do trabalho
O laudo deve contemplar:
Somente com análise técnica é possível fundamentar o pagamento do adicional.
Embora a legislação não fixe prazo mínimo, é prática recomendada:
O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) atuam em conjunto com a periculosidade. É importante:
Essa sinergia otimiza recursos e confiança.
Promova capacitação específica sobre periculosidade, incluindo:
A educação contínua reduz falhas humanas.
A jurisprudência varia conforme decisões regionais, mas tende a reconhecer periculosidade em casos de:
Algumas decisões reforçaram o papel do laudo, como julgados que invalidaram adicionais sem comprovação técnica ou que definiram periculosidade em atividades não previstas originalmente pela NR-16.
O pagamento de 30% de adicional pode representar aumento significativo da folha de pagamento. Em setores de alta rotatividade, esse impacto é potencializado.
Compensar riscos com adicional e investir em segurança reduz:
A longo prazo, a empresa ganha reputação e comprometimento.
Robôs e sistemas automáticos podem assumir atividades perigosas, diminuindo a exposição humana e, consequentemente, o escopo de periculosidade.
Discutem-se atualizações na NR-16 para incluir novas fontes de risco, como agentes biológicos emergentes ou riscos gerados por trabalhos em plataformas virtuais.
Aplicar o adicional de periculosidade requer atenção técnica, alinhamento com normas e diálogo constante entre empregador e trabalhador.
Ao entender profundamente seus conceitos, obrigações e impactos, sua empresa estará preparada para oferecer ambientes mais seguros, reduzir passivos e valorizar quem assume riscos em suas operações diárias.